Arganil do Passado - As Casas









Arganil do Passado - As Casas



Algumas casas tinham uma pequena sala de sobrado, cujo mobiliário se resumia a três ou quatro cadeiras, um banco comprido e uma mesa grande, que só era desarredada da parede em dias de festa ou para pôr o folar do padre na Páscoa.

Os gavetões da mesa eram normalmente utilizados para guardar toalhas, guardanapos e talheres mais finos.

Os quartos, sempre insuficientes para toda a família, eram pequenos cubículos gelados, forrados a madeira, sem janelas, com espaço apenas para uma cadeira e uma enxerga (assente sobre quatro tábuas suportadas por dois cavaletes; ter uma cama de ferro já era um pequeno luxo).

Dormiam aí, em camas de corpo e meio, três e às vezes quatro pessoas, meio vestidas, cobertas por mantas que, no Inverno, estavam sempre frias e húmidas. Os filhos mais velhos alojavam-se como podiam nos palheiros, onde se guardava o feno para os animais.

Dr. Paulo Ramalho, in Tempos Difíceis - Tradição e Mudança na Serra do Açor


As casas com sanita e fossa eram praticamente inexistentes, mesmo entre as pessoas com mais posses. As necessidades eram feitas no campo ou na loja onde se guardavam os suínos (os animais encarregavam-se da limpeza).

Para as lavagens, quase todas as habitações possuíam um lavatório junto à cozinha, com bacia, balde, jarro e suporte para o sabão e a toalha. Muitas famílias tinham ainda uma enorme bacia, tipo banheira, que era utilizada com regularidade e zelo muito variáveis, para um ou outro banho geral.

Dr. Paulo Ramalho, in Tempos Difíceis - Tradição e Mudança na Serra do Açor


Casa pobres e escuras em lugarejos abandonados. Uma vida dura, de trabalho e isolamento, com descanso no "dia consagrado". Em muitas destas terras, onde até as visitas do padre rareavam, a missa do Domingo era muitas vezes substituída pela oração em família. Para isso algumas casas possuíam, na sala ou à entrada, um oratório semelhante a este - um "luxo", mas o espírito reclamava luxos que ao corpo muitas vezes eram negados.


"Estas salas (...) eram caiadas e nessas paredes já muito antigas havia sempre muitos buracos, que davam sempre um aspecto de penúria, pelo que as pessoas, em especial nas quadras festivas, usavam forrar as paredes com papel de jornais que se iam pedir a uns senhores que eram assinantes da Comarca de Arganil, que sempre os guardavam, para esse fim. Assim as paredes eram vestidas com esses jornais, tornando-se limpas e airosas, mas não por muito tempo, uma vez que os jornais eram colados com farinha amassada, que também servia de alimento para os ratos, que logo se encarregavam de destruir toda essa decoração."

António Santos Vicente in "Vida e Tradições das Aldeias Serranas"




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