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Arganil do Passado - Testemunhos |
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"Quando era a época das castanhas comia-mo-las assadas à lareira; por vezes a fome era tanta que eu engolia umas cruas, outras a escaldar, outras ainda com camisa, algumas até marchavam com casca, só com medo que os meus irmãos tirassem mais do que eu. De vez em quando um deles berrava: - Mãe, o Fernando está a comer as castanhas com camisa! E, eu com a boca cheia, fazia que não. Entretanto ia enchendo os bolsos para depois".
Fernando Pimenta, Cerdeira
Dr. Paulo Ramalho, in Tempos Difíceis - Tradição e Mudança na Serra do Açor
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"Havia um velho do Vale Derradeiro que andava a regatear os preços na feira do Mont´Alto. Alguém viu e disse: História recolhida na Malhada Chã
Dr. Paulo Ramalho, in Tempos Difíceis - Tradição e Mudança na Serra do Açor
"Vira-se no Colmeal um que já morreu para o Padre que, coitado, também já morreu:
História contada por Maria da Luz, da Aldeia Velha, Colmeal
Dr. Paulo Ramalho, in Tempos Difíceis - Tradição e Mudança na Serra do Açor
"Estas salas (...) eram caiadas e nessas paredes já muito antigas havia sempre muitos buracos, que davam sempre um aspecto de penúria, pelo que as pessoas, em especial nas quadras festivas, usavam forrar as paredes com papel de jornais que se iam pedir a uns senhores que eram assinantes da Comarca de Arganil, que sempre os guardavam, para esse fim. Assim as paredes eram vestidas com esses jornais, tornando-se limpas e airosas, mas não por muito tempo, uma vez que os jornais eram colados com farinha amassada, que também servia de alimento para os ratos, que logo se encarregavam de destruir toda essa decoração."
António Santos Vicente in "Vida e Tradições das Aldeias Serranas"
| ![]() ![]() O seu correio electrónico para Arganil
(...) "Ia a passar coberto de suor, dei as boas tardes a uma vaga forma feminina sentada à entrada da sua furna de troglodita, e recebo, juntamente com o troco de salvação, este juro imprevisto:
Miguel Torga, in "Diário IX" (Piódão, 16 de Dezembro de 1962)
"O quarto tinha as paredes forradas com jornais velhos, luxo com que distinguiam o hóspede... Deitei-me, e passado pouco tempo, qualquer coisa a mexer entre a parede e os jornais produzia uns ruídos que não me deixavam adormecer. Chamei o meu anfitrião (...) e contei-lhe o que se passava. Veio e descobriu: - São os ratos, que querem furar os papéis. Saiu, foi agarrar um gato e deixou-o fechado no quarto de sentinela."
Vasco de Campos in "Serra! Caminhos de um Médico"
"Certo dia, na altura do racionamento (1945/46), vinha o Ti Alberto das bandas do Soeirinho com dois quilos de "açúcar ilegal" dentro da maleta de relojoeiro, eis senão quando topa com a Guarda, que logo o manda parar e pede para abrir aquela estranha mala metálica. - Com que então açúcar! -Diz-lhe, triunfante, o cabo. - Que, senhor guarda - responde ele logo. - É potassa! E assim, por entre surisos cúmplices, se saiu o "Ti Alberto relojoeiro" desta embrulhada, continuando sem mais delongas o seu caminho."
História recolhida nos Cepos
Dr. Paulo Ramalho, in Tempos Difíceis- Tradição e Mudança na Serra do Açor Outros Sites:
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