Arganil do Passado - E Agora?









Arganil do Passado - E Agora?




E Agora?

Taberneiros

As tabernas eram o reino triste dos homens; aí, nas longas noites de Inverno, jogavam eles às cartas ou contavam à escassa luz dos candeeiros, o trocado que lhes sobejava nos bolsos. Pipos garrafas e copos, um balcão corrido, alguns bancos, duas ou três mesas coxas, uma "mercearia" onde se comprava sempre menos o essencial - assim eram as tascas, espaços acanhados, envoltos numa quase ausência de luz que enchia de sombras os recantos e vincava rugas nos rostos.
De quando em vez, no entanto, algum dos presentes sentia-se tocado pelo sortilégio do "fado serrano", e essa espécie de magia comunicava-se rapidamente aos demais. Cantavam então os homens à desgarrada; cantavam o que lhes ia na alma e sorriam, quase esquecidos de que a dor existe.

Dr. Paulo Ramalho, in Tempos Difíceis - Tradição e Mudança na Serra do Açor



Linho

Os trabalhos do linho (que assumiam particular importância nas freguesias de Pombeiro da Beira e S. Martinho da Cortiça) eram, desde a sementeira à confecção final do vestuário, uma das poucas actividades económicas exclusivamente femininas. Entrar no mundo do linho era entrar no reino branco das mulheres. As transmutações quase alquímicas porque a planta passava até adquirir o estatuto definitivo de "tecido fino" associavam-se inevitavelmente a uma simbologia de pureza; e as mulheres eram as guardiãs desse segredo.
Saberemos nós construir os alicerces desses dias futuros sobre as raízes sãs dos dias passados? As próximas gerações comerão o pão que nós amassarmos.

Dr. Paulo Ramalho, in Tempos Difíceis - Tradição e Mudança na Serra do Açor






Carvoeiros

Apesar das grandes manchas de castanheiros nas encostas viradas a Norte, a Serra do Açor foi durante muitos séculos uma região de matos baixos, relativamente desarborizada e continuamente percorrida por enormes rebanhos de gado. As cabras se encarregavam de controlar a altura do tojo e da urze e minimizar assim os riscos de incêndio.
Foi também a abundância de mato que esteve na origem do aparecimento dos carvoeiros da serra.
Os carvoeiros calcorreavam as montanhas mais altas e, sempre debaixo de sol, chuvas ou vento, procuravam as melhores torgas (raízes de mato) para fazerem carvão.

Dr. Paulo Ramalho, in Tempos Difíceis - Tradição e Mudança na Serra do Açor



"Vi minha mãe fazer carvão
No sol ardente de Agosto
Para dar aos filhos o pão
Com o suor do seu rosto.

Dos pobres era o ouro fraco;
Às vezes tudo se perdia,
Quando a cova abria buraco
E todo o carvão ardia."

António Santos Vicente in "Vida e Tradição das Aldeias Serranas"


Relojoeiros

Os relojoeiros dedicavam-se ao fabrico e instalação de relógios de torre, nas igrejas. Nas suas deambulações pelas aldeias levavam, em pequenas maletas, as ferramentas indispensáveis ao seu ofício. Aproveitavam também para fazer concertos simples de relógios de pulso ou de parede, em casa de clientes ocasionais; quando os trabalhos eram mais complicados traziam-nos consigo para se lhes dedicarem com vagar nas suas bancas.

Dr. Paulo Ramalho, in Tempos Difíceis - Tradição e Mudança na Serra do Açor




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