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Arganil do Passado - Feira do Montalto |
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(...) As cabras e ovelhas eram, tal como o porco, absolutamente essenciais na vida das populações serranas. Ser dono de razoável rebanho significava ter estrume para as fazendas, queijo para a broa, leite para os filhos mais fracos ou doentes, carne para a chanfana nos dias de festa, lã para os agasalhos, sarrões para ir ao moínho, odres para transportar o azeite... Era também através da venda das crias no fim do Verão, que se conseguia um magro pecúlio para acudir a outras necessidades. Não ter cabeças de gado significava passar ainda mais miséria - faltava dinheiro para comprar um porco, adiava-se a aquisição de roupa nova, e por aí fora, num círculo vicioso de pobreza extrema. (...) Toda a gente criava um ou dois porcos; uma família que não matasse pelo menos um suíno não se governava. Daí a expressão "é como quem não matou o porco" para falar de alguém a quem faltasse algo de essencial. Os leitões compravam-se na feira, em Arganil ou em Côja e depois eram engordados durante alguns meses.
Dr. Paulo Ramalho, in Tempos Difíceis - Tradição e Mudança na Serra do Açor
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As casas com sanita e fossa eram praticamente inexistentes, mesmo entre as pessoas com mais posses. As necessidades eram feitas no campo ou na loja onde se guardavam os suínos (os animais encarregavam-se da limpeza). Para as lavagens, quase todas as habitações possuíam um lavatório junto à cozinha, com bacia, balde, jarro e suporte para o sabão e a toalha. Muitas famílias tinham ainda uma enorme bacia, tipo banheira, que era utilizada com regularidade e zelo muito variáveis, para um ou outro banho geral.
Dr. Paulo Ramalho, in Tempos Difíceis - Tradição e Mudança na Serra do Açor
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